Despertou-o a frieza inesperada
Que no alto das montanhas vem coa noite.
Como no seio envolto de uma nuvem
Misteriosa se cuida; - olha d’em torno,
Nada vê, tudo encobre a névoa espessa;
Nada vê, mas distinta uma voz ouve:
- «Cumprido é o sonho, mas quebrando o encanto:
Ainda a viste, - única vez na terra!
Nunca mais a verás. O véu, qu’é dele?
E a trança que, ao sepulcro sonegada,
Prenda foi de ternura?»
- «Ei-la comigo,
Sempre comigo. Restituí-la à campa,
Quando à campa descer, a mim só cabe.
Mas quem de meus segredos sabe tanto?
Quem d’amor os mistérios e os da morte
Penetra assim? Do número dos vivos
És tu, ou do moimento há suscitado
Poder fatal as cinzas dos finados
Para me interrogar!»
- «Vivo eu, sou vivo:
Conhece-me, sou eu, teu inimigo,
Teu inimigo hei sido; e eterna a vida,
Se cruz, para tormento, os céus ma dessem.