pensamento, 
Verbo ao estampido de pelouro e obus… 
 
Mas a ideia é num mundo inalterável, 
Num cristalino céu, que vive estável… 
Tu, pensamento, não és fogo, és luz! 
 
 
II 
 
Num céu intemerato e cristalino 
Pode habitar talvez um Deus distante, 
Vendo passar em sonho cambiante 
O Ser, como espectáculo divino: 
 
Mas o homem, na terra onde o destino 
O lançou, vive e agita-se incessante… 
Enche o ar da terra o seu pulmão possante… 
Cá da terra blasfema ou ergue um hino… 
 
A ideia incarna em peitos que palpitam: 
O seu pulsar são chamas que crepitam, 
Paixões ardentes como vivos sóis! 
 
Combatei pois na terra árida e bruta, 
’Te que a revolva o remoinhar da luta, 
’Té que a fecunde o sangue dos heróis! 
 
1870