- Não te lembras? A do açaimo para a minha ovelha... É que eu sou responsável por aquela flor!
Tirei os meus esboços da algibeira. O principezinho olhou para eles e disse, a rir:
- Olha que os teus embondeiros têm um certo ar de couves...
-Oh!
E eu que estava tão orgulhoso dos meus embondeiros!
- E a tua raposa... repara-me bem nestas orelhas... só parecem cornos... E depois são compridas demais...
E voltou a rir.
- Estás a ser injusto, ó rapazinho! Eu só sabia fazer jibóias fechadas e jibóias abertas!
- Também não tem importância nenhuma - disse ele. -As crianças sabem.
- E eu lá me pus a garatujar um açaimo. Quando lho entreguei tinha um nó na garganta.
- Não me contas nada do que andas para aí a magicar...
Mas ele não respondeu. Apenas disse:
- Sabes, quando eu caí na Terra... Faz amanhã um ano...
Depois de um breve silêncio continuou:
- Caí muito perto daqui...
E corou.
Sem, saber porquê, senti de novo uma estranha tristeza. Mas lembrei-me de lhe perguntar:
- Então, quando eu te conheci, há oito dias, de manhã, não era por acaso que andavas assim a passear, sozinho, a mil e uma milhas de qualquer sítio habitado?! Andavas à procura do sítio onde caíste, não era?
O principezinho tornou a corar.
E embora não estivesse muito seguro do que ia dizer, ainda acrescentei:
- Se calhar, é por causa de já ter passado um ano...
O principezinho corou mais uma vez. Nunca dava resposta nenhuma, mas quando as pessoas coram é o mesmo que dizer que sim, não é?
- Ah! - disse-lhe eu. - Tenho medo...
Mas ele respondeu:
- Já é tempo de te voltares a deitar ao trabalho. Anda, vai lá ter com a tua máquina! Eu espero aqui por ti. Volta amanhã à tardinha.
Mas eu não consegui ficar descansado. Lembrava-me da raposa. Quando nos deixamos prender a alguém, arriscamo-nos a chorar de vez em quando…