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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 111
Não sem imenso trabalho lá abati aquele colosso, depois levei vinte dias a cortá-lo pela raiz, e demorei mais quinze a podar e limpar a sua larga copa; precisei ainda de um mês de esforços para lhe dar a forma de uma canoa e para que pudesse manter-se direita sobre a quilha. Por último, gastei uns três meses a torná-la oca e a acabá-la. Fiz esta obra sem recorrer ao fogo, com um simples martelo e um escopro, e, à força de muito trabalho, vi-me, enfim, senhor de uma piroga muito formosa, bem capaz de conter vinte e seis homens e, por conseguinte, de me levar com toda a minha carga.

Quando a tarefa terminou, senti uma alegria indescritível; era, na verdade, justificada, pois fazer eu uma canoa ou piroga de uma só peça era coisa que nunca tinha visto! Quantos sacrifícios me custara! Só me faltava lançá-la ao mar e, se o tivesse conseguido, não há dúvida de que tentaria a viagem mais temerária e incrível que mortal algum jamais empreendera na vida.

Mesmo assim, todos os cálculos para conduzir a canoa até ao mar resultaram inúteis, embora me custassem imensos trabalhos; ela achava-se apenas a umas setenta varas do mar; mas o primeiro inconveniente era uma colina que se elevava no caminho da baía. Apesar de tudo, não desanimei; resolvi aprofundar a superfície do terreno e fazer deste modo um plano inclinado; empreendi esta faina, que me deu um trabalhão; mas quem vai poupar fadigas vendo a perspectiva da sua liberdade? Já terminada a obra e resolvida a dificuldade, encontrei-me precisamente tal como antes, porque me era tão impossível mover a piroga como a chalupa encalhada.

Finalmente, medi o comprimento do caminho, e resolvi formar uma espécie de ranhura ou canal pequeno para conduzir o mar até à canoa, já que não podia conduzir esta ao mar.

Meti mãos à obra; mas quando comecei a fazê-lo e a calcular a largura e profundidade que tinha de dar ao canal, e a reflectir que não possuía outros braços a não ser os meus, julguei que seriam precisos dez ou doze anos para a terminar porque o terreno era tão elevado que a valeta teria de ter, pelo menos, vinte pés de profundidade na parte superior, motivo por que decidi, com grande pesar meu, abandonar também aquela tentativa.

Isto causou-me uma mágoa vivíssima e reconheci, ainda que demasiadamente tarde, a loucura de empreender uma obra antes de calcular os meios e de avaliar exactamente as forças de que dispomos para a levar a cabo.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236