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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 134
O espanto perturbava-me de tal modo a imaginação que só via coisas horrorosas. Algumas vezes, que se tratava da marca do pé de Satanás, baseando-me nos seguintes pensamentos: Como teria podido um homem chegar àquele local? Onde estava o buque que o trouxera? E as marcas de outros pés? Mas, por outro lado, dizia para comigo:

- Que fim visaria o diabo ao tomar a forma humana?

Porquê deixar o rasto dos seus pés num sítio onde eu podia ter calhado a não vê-lo?

Se desejava aterrorizar-me dispunha de outros meios para me meter medo do que a marca de um pé. Não creio que tivesse sido néscio a ponto de deixar sinais tão equívocos num lugar em que se podia apostar mil contra um em como eu não chegaria a vê-los, pois habitava no outro lado da ilha, e o menor movimento do mar ou o mínimo vento que se levantasse poderia apagar. Nada disto fazia sentido nem com a coisa em si nem com a ideia que geralmente se tem da subtileza do diabo. Semelhante forma de raciocinar afastou-me as apreensões por este lado; mas então ocorreu-me uma ideia talvez ainda mais espantosa: a de que os selvagens do continente, arrastados pelo vento ou pelas correntes, teriam tido necessidade de arribar àquela costa, e que se tinham voltado a ir embora porque sentiriam tão pouca vontade de permanecer nela como eu de vê-los.

Enquanto estas reflexões se me agitavam na mente, dei graças ao Céu por não me ter achado então naquele lado da ilha e por os selvagens não calharem a ver a minha piroga, o que os teria feito suspeitar de que a ilha estava habitada, dando-lhes a ideia de me procurarem. Depois, veio-me à ideia o terrível pensamento de que a minha canoa havia sido descoberta por aquela gente e, dera a conhecer que naquele lugar existiam habitantes; que nesse caso voltariam de certeza, em muito maior número, para me devorarem, e que, se escapasse às suas buscas, encontrariam pelo menos o meu cercado, e haviam de me destroçar a colheita, de me levar o gado, e de me reduzir a morrer de fome.

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pág. 134 (Capítulo 9)

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 134

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236