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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 202
E sobre este ponto dizia-se muito seguro porque ouvira os fugitivos perguntarem entre si como é que um homem podia lançar fogo, falar trovejando, e matar a uma distância tão grande sem levantar a mão, conforme eles o viam fazer. O velho selvagem tinha razão nisto, porque vi depois que os canibais não voltaram, daí em diante, a abordar a ilha. Sentir-se-iam, sem dúvida, tão atemorizados com o relato daqueles quatro homens que, segundo parecia, se tinham salvo das ondas, acreditariam que todo aquele que penetrasse a seguir naquela ilha encantada seria destruído pelo fogo dos deuses.

Todavia, como estas circunstâncias me eram então desconhecidas, vivi durante algum tempo numa contínua apreensão, e estive incessantemente alerta com todo o meu exército; apesar de tudo, como agora éramos quatro, não teria receado atacar uma centena daqueles miseráveis, nem que fosse em campo aberto.

Mas ao cabo de algum tempo, vendo que não aparecia qualquer canoa, o meu temor dissipou-se, e comecei de novo a pensar na minha viagem ao continente, garantindo-me o pai de Sexta-Feira que podia contar com o bom acolhimento do seu povo, por consideração a ele.

Os meus propósitos esfriaram um pouco, no entanto, quando soube, após uma conversação que tive com o espanhol, que dezasseis dos seus companheiros, tanto espanhóis como portugueses, que tinham naufragado e se haviam refugiado na terra dos selvagens, ali viviam, com efeito, e se conservavam em paz com os naturais, embora sempre numa inquietação perpétua sobre a sua subsistência e, por conseguinte, a sua vida. Supliquei-lhe que me fizesse um relato da sua viagem e referiu-me que ia num buque espanhol fretado no Rio da Prata para Havana, onde devia desembarcar o seu carregamento, o qual consistia principalmente em peles e dinheiro, e tomar todas as mercadorias europeias que pudesse obter em troca. Acrescentou que iam a bordo cinco marinheiros portugueses recolhidos de um naufrágio, e que cinco dos seus homens haviam perecido com a embarcação; que os restantes, após muitos riscos e perigos, tinham, por fim, abordado, quase extenuados, àquela região de canibais, onde esperavam ser devorados de um momento para o outro.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 202

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236