Robinson Crusoe - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 220 / 241

Deste modo, contando com eles e com os três marinheiros, éramos sete homens bem armados, e eu não duvidava de poder lutar à vontade com os dez que se aproximavam, sobretudo depois de que o comandante me dissera acerca de haver três ou quatro homens de bem entre eles.

Assim que chegaram ao lugar onde estava a sua primeira chalupa, puxaram aquela onde tinham vindo até à areia e saltaram todos em terra, arrastando-a atrás de si, com o que muito me alegrei porque receava que a deixassem ancorada a alguma distância da margem, sob a custódia de alguns, de modo que nós não nos pudéssemos apoderar dela.

Mal desembarcaram, o seu primeiro cuidado foi correr para a outra chalupa. Pudemos então ver como foi grande a surpresa deles ao encontrá-la completamente vazia e desmantelada, com um enorme buraco no fundo.

Depois de tê-la examinado durante algum tempo, gritaram duas ou três vezes com toda a força dos pulmões, a fim de serem ouvidos pelos camaradas; tudo, porém, era trabalho perdido. Formaram então em linha, e fizeram uma descarga geral, que ouvimos perfeitamente, e cujo eco o bosque repetiu; mas também de nada lhes serviu; os prisioneiros da gruta não a podiam ouvir, disso estávamos bem seguros, e os que se encontravam sob nossa custódia não se atreveram a responder-lhes.

Os recém-chegados ficaram tão surpreendidos com aquele silêncio, como nos contaram depois, que resolveram embarcar e regressar quanto antes ao buque, anunciando que os companheiros tinham sido mortos e que a chalupa estava sem fundo. Voltaram imediatamente a lançar a lancha ao mar e dispuseram-se a embarcar.

O comandante desconcertou-se muito ao ver aquilo; pensou que iam meter-se outra vez no buque e largar a vela depois de terem dado a conhecer aos camaradas que os companheiros estavam perdidos; assim, pois, julgou ser preciso renunciar à recuperação do seu buque, como havíamos esperado, mas não tardou a ter outro motivo de terror.





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