Robinson Crusoe - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 230 / 241

Com a maior rapidez, lançaram-se então para bordo o comandante e o imediato em primeiro lugar, de armas na mão, aturdindo com coronhadas o que fazia de contramestre e o carpinteiro; fielmente secundados pelos companheiros, aprisionaram todos os que se achavam no convés; depois fecharam as escotilhas para lhes cortar qualquer comunicação com os que se encontravam em baixo. No mesmo instante, a outra chalupa, abordando com a sua tripulação pelas amuras do traquete, apoderou-se do portaló da proa e da escotilha que conduzia à cozinha, onde fizeram três prisioneiros.

Quando tudo ficou concluído e se assenhorearam do convés, o comandante ordenou ao imediato que forçasse com três homens a entrada do camarote do conselho, onde se achava o novo comandante dos revoltosos. Este, provido de armas de fogo, tinha-se encerrado com dois marinheiros e um grumete ao primeiro sinal de alarme. E quando o imediato, auxiliado por uma alavanca, deitou a porta abaixo, o novo comandante e os companheiros fizeram fogo atrevidamente; o imediato ficou ferido por uma bala que lhe partiu o braço; outros dois foram também feridos, mas felizmente não morreu ninguém.

Pedindo socorro, o imediato precipitou-se, mesmo ferido, para dentro do camarote do conselho, e disparou um tiro de pistola na cabeça do comandante dos insubordinados, a quem a bala entrou pela boca e saiu por detrás da orelha, deixando-o morto acto contínuo. Então os restantes renderam-se, e o buque foi recuperado sem necessidade de derramar mais sangue.

No momento em que se voltou a apossar da embarcação, o comandante mandou disparar sete tiros de canhão, sinal de antemão convencionado para me avisar do seu bom êxito, que ouvi, como pode compreender-se, com a maior das alegrias; senti-me maravilhado quando o soube, já que tinha ficado de atalaia, sentado na praia, até cerca das três da madrugada.





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