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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 39

Embarcados na chalupa, compreendemos melhor a magnitude do nosso perigo: as ondas eram tão fortes que víamos claramente que ela não poderia resistir muito mais tempo, e que nos afogaríamos todos inevitavelmente. Mesmo assim, encomendámos as nossas almas a Deus e secundámos, remando, os esforços do vento, que soprava para terra, nós mesmos apressando assim o instante da nossa perda. Não sabíamos se a costa era rochosa ou um baixio ou uma elevação. A nossa única esperança era encontrar uma baía ou a embocadura de algum rio onde tivéssemos a boa sorte de deparar com uma costa menos açoitada pelas ondas e mais ao abrigo do vento. Mas tal ilusão não parecia dever realizar-se: a terra, à medida que nos aproximávamos, revelava-se à nossa vista mais terrível do que o mar.

Depois de termos remado, durante coisa de légua e meia, ou melhor, deixado arrastar, segundo os nossos cálculos, uma onda furiosa, alta como uma montanha, rodopiou na direcção da popa da chalupa, parecendo anunciar-nos o nosso golpe de misericórdia. Numa palavra, arrojou-se com tanto ímpeto sobre nós que o primeiro choque virou o barco e, afastando-nos tanto da chalupa como uns dos outros, apenas nos deixou tempo para pronunciarmos o nome de Deus, porque ficámos todos submersos por momentos.

Não posso descrever o tropel de ideias que se me apresentaram à imaginação quando fui precipitado para o fundo do mar. Embora fosse muito bom nadador, não poderia libertar-me das ondas para respirar, até que, tendo-me uma grande onda conduzido "ou, melhor dizendo, arrojado um grande trecho para a costa, e desfazendo-se, se retirou, me deixou em terra quase seca, mas meio morto pela água que havia engolido. Tornando a mim, e vendo a terra mais perto do que julgara, tive ainda bastante força e presença de espírito para procurar alcançar a margem antes de uma segunda onda vir apoderar-se de mim. Mas logo me apercebi de que era impossível evitá-la; o mar perseguia-me tão alto como uma montanha e tão furioso como um inimigo, e eu não tinha meios nem forças para lutar contra ele.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 39

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236