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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 60

Narrei já como tinha metido os meus objectos nesta paliçada e na gruta que fiz atrás dela. Mas tudo isto não passava, ao princípio, de um montão confuso de coisas que, pela sua desordem, ocupavam tanto lugar que mal me sobrava espaço para me mexer. Em consequência, meti-me logo a alargar o buraco, cavando mais fundo no solo, que era de uma rocha bastante branda e arenosa e cedia facilmente aos meus esforços. Vendo-me já em segurança quanto a feras, avancei os trabalhos à direita da rocha e, seguindo sempre na mesma direcção, cheguei a construir na planície uma saída fora da paliçada ou das fortificações. Aquela obra servia não só de porta das traseiras da tenda e do armazém, que tinha assim uma entrada e uma saída, mas também, além disso, oferecia-me maior espaço para colocar as riquezas.

Dediquei-me, a seguir, ao fabrico dos móveis mais necessários, começando por uma cadeira e uma mesa, pois sem elas não poderia gozar as poucas doçuras que c tinha na vida; por exemplo, não poderia escrever nem comer com gosto sem uma mesa. Pus mãos à obra, devendo fazer uma observação a respeito deste ponto; quer dizer, que sendo o cálculo o princípio e origem das matemáticas, não há homem que apenas com o auxílio da razão, de uma razão que observa, calcula e mede, não possa com o tempo chegar a ser hábil numa arte mecânica. Nunca havia manejado qualquer instrumento e, apesar disso, reconheci que com tempo, trabalho, engenho e constância não havia nenhuma das coisas que me faziam falta que eu não pudesse fazer, sobretudo se tivesse ferramentas. Mesmo assim, embora delas carecendo, cheguei a fabricar muitos objectos úteis; um machado e uma enxó bastaram-me para as coisas mais difíceis. Assim, à força de trabalho, levei a cabo obras que talvez nunca tivesse empreendido se me encontrasse noutra situação. Se, por exemplo, quisesse obter uma tábua, precisava de derrubar uma árvore, cortá-la pelos dois lados até a deixar tão delgada como uma tábua, e aplainá-la a seguir com a minha enxó.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 60

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236