13 de Novembro. - Caiu uma chuva tão abundante que muito me reanimou e trouxe um grande bem à terra; mas os trovões e relâmpagos que a acompanhavam fizeram-me recear pela minha pólvora. Logo que a tempestade passou, tratei de dividir as minhas provisões de pólvora em tantos pacotes quantos necessitasse para a pôr em segurança.
14, 15 e 16 de Novembro. - Empreguei estes três dias a fazer pequenas caixas quadradas, as quais continham uma ou duas libras de pólvora no máximo, e coloquei-as em lugares diferentes, afastando-as o mais possível umas das outras. Matei um pássaro enorme, cuja carne era muito boa, mas cujo nome ignorava.
17 de Novembro. - Comecei a esburacar o penhasco que ficava atrás da minha tenda, para o aumentar. Apenas me faltavam três coisas essenciais, a saber: uma picareta, uma pá, uma carreta ou uma cesta. Vi-me forçado a suspender o trabalho e pus-me a reflectir acerca dos meios de suprir essa falta. Substituí facilmente a picareta pelas barras de ferro, que com ela muito se pareciam, embora um pouco pesadas; mas a pá era-me tão necessária que não podia fazer nada sem ela e não sabia como substituí-la.
18 de Novembro. - Neste dia, ao revistar o bosque, encontrei uma espécie de árvore, que se não era o que no Brasil se chama árvore de ferro, devido à sua dureza extrema, pelo menos parecia-se muito com ela. À força de trabalho e quase estragando o machado, consegui cortar um troço daquela árvore, e arrastei-o até ao meu albergue depois de muitos esforços, porque era muito pesado.
A dureza excessiva da madeira, aliada ao modo como me via obrigado a trabalhar, fez-me empregar muito tempo a parti-la. Por fim, aos poucos, fui-lhe dando a forma de uma pá ou de uma enxada, que terminava exactamente como as que se usam em Inglaterra mas, por não estar guarnecida de ferro na parte plana, devia ser de pouca duração.
Ainda me faltava uma cesta ou uma carreta. Não era possível fazer uma cesta, por não ter vime ou algo que com ele se parecesse, e ignorando se tal existiria na ilha.
