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Capítulo 10: Assim falou Zaratustra

Página 81
relações, um vasto mundo de formas - pois a necessidade de ritmo largo constitui quase só por si a medida do poder de inspiração e é uma forma (de alívio para a alma opressa e para a tensão incomportável.

Tudo isto ocorre no mais alto grau de atonia da nossa liberdade, como que numa torrente de embriaguez, de liberdade que nos ultrapassa, de aniquilamento, de poder que nos transcende, de comunhão divina... O mais estranho é o carácter de necessidade da imagem e da metáfora; perde-se todo o sentido do que uma e outra são; oferecem-se-nos como a expressão mais directa, mais justa, mais simples. Dir-se-ia, na verdade, conforme a palavra de Zaratustra, que as coisas vêm por si até nós, desejosas de converter-se em símbolos (- «eis como acorrem todas as coisas cheias de amor e de ternura pedindo a tua palavra e o teu discurso: querem voar levadas por ti. E através de cada símbolo voas tu para cada verdade. Eis que se abrem para ti todos os sentidos da palavra; e todo o ser se converte em palavra e tudo quanto existe quer através de ti alcançar o segredo da palavra» -). Eis a minha experiência da inspiração; e não duvido de que se teria de recuar milhares de anos para encontrar alguém com o direito de dizer: «é também a minha».

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Estive umas poucas se semanas doente em Génova.

Seguiu-se uma Primavera tristonha em Roma, onde me limitava a• aceitar a vida - o que não era coisa fácil. No fundo, aquela região, que 'eu não tinha escolhido, era a mais imprópria possível para o poeta do Zaratustra: Tratei de libertar-me desse ambiente e decidi voltar a Aquila, cidade que encarna uma ideia contrária a Roma e que foi fundada por ódio contra Roma, tal como eu próprio hei-de fundar uma outra em- 'memória desse ateu ou inimigo da Igreja comme il faut, com o qual me sinto ligado por muito próximo parentesco, o grande imperador Hohenstaufen, Frederico II.

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Capa do livro Ecce Homo
Páginas: 115
Página atual: 81

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇAO 1
Porque sou tão sábio 5
Porque sou tão sagaz 20
Porque escrevo tão bons livros 41
A Origem da Tragédia 52
Considerações intempestivas 58
Humano, demasiado Humano 64
Aurora 71
O Alegre Saber 75
Assim falou Zaratustra 76
Para além do Bem e do Mal 91
Genealogia da moral 93
Crepúsculo dos ídolos 95
O caso Wagner 98
Por que sou uma fatalidade 106