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Capítulo 2: Porque sou tão sábio

Página 9
- E então, eu sou o contrário de um decadente: pois acabo de me descrever.

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Esta dupla série de experiências, esta aproximação de mundos aparentemente distintos, repete-se na minha natureza em todos os sentidos; sou um homem duplo, tenho sempre, com um primeiro, um segundo aspecto. E talvez ainda também um terceiro... Já, dada a minha origem; me é lícito lançar o olhar para além de toda a perspectiva simplesmente local, simplesmente nacional; não me custa esforço algum ser «bom europeu». Por outro lado, sou porventura mais alemão do que os alemães de hoje, simples alemães do Império, - eu, último alemão antipolítico. Na verdade, os meus antepassados eram fidalgos polacos; tenho por isso muito instinto de raça no sangue, quem sabe?, talvez também o liberum veto. Quando penso em quantas vezes fui, e até por naturais da Polónia, interpelado em viagem como polaco, e quão raras vezes me tomaram por alemão, chega a parecer-me que sou apenas salpicado de alemão. Minha mãe, Francisca Ochler, era todavia muito alemã; e também minha avó pelo lado paterno. Erdmuthe Krause. Passou esta a juventude na velha Weimar mas sem relações com o círculo de Goethe. Seu irmão, o professor de teologia Krause em Koenisberg, depois da morte de Herder, foi chamado a Weimar como superintendente geral. Não é impossível que a mãe, minha bisavó, figure com o nome Muthgen no diário do jovem Goethe. Casou. em segundas núpcias com o superintendente Nietzsche, em Eilenburg; durante a guerra de 1813, no mesmo dia, 10 de Outubro, em que Napoleão entrou com o seu estado-maior em Eilenburg, deu ela à luz um menino. Era, como saxónia, uma grande admiradora de Napoleão. Meu pai, nascido em 1813, morreu em 1849. Antes de assumir as funções de pároco na comuna de Rocken, perto de Lutzen viveu alguns anos no castelo de Altenburg onde foi perceptor das quatro princesas.

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Capa do livro Ecce Homo
Páginas: 115
Página atual: 9

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇAO 1
Porque sou tão sábio 5
Porque sou tão sagaz 20
Porque escrevo tão bons livros 41
A Origem da Tragédia 52
Considerações intempestivas 58
Humano, demasiado Humano 64
Aurora 71
O Alegre Saber 75
Assim falou Zaratustra 76
Para além do Bem e do Mal 91
Genealogia da moral 93
Crepúsculo dos ídolos 95
O caso Wagner 98
Por que sou uma fatalidade 106