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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 179

Começou a conduzi-lo para a porta, um braço em torno dos ombros e a garrafa de Chianti na outra mão. No entanto, Gordon soltou-se, convencido de que se podia deslocar com firmeza absoluta, e articulou com dignidade:

- Bêbedo eu?

- Receio bem que sim. - Ravelston tornou a pegar-lhe no braço. - Sem margem para a mínima dúvida.

- O cisne nadou até ao mar. Que bem nadava o cisne!

- Está mesmo bêbedo. Quanto mais depressa se deitar, melhor.

- Suprime o clarão nos teus olhos antes de tirares o argueiro nos do teu irmão.

Entretanto, conseguira arrastá-lo até ao passeio e esquadrinhou a rua com o olhar, em busca de um táxi.

Todavia, os táxis brilhavam pela ausência. As pessoas começaram a abandonar o botequim, prestes a encerrar as portas. Gordon sentia-se melhor ao ar livre. O cérebro nunca estivera tão desanuviado. O clarão vermelho satânico de um dístico de néon à distância insuflou-lhe uma nova e brilhante ideia na cabeça, e ele puxou Ravelston pelo braço.

- Oiça uma coisa!

-O quê?

- Vamos engatar duas prostitutas.

Não obstante o estado etilizado do companheiro, o editor ficou escandalizado.

- Nem pense em fazer uma coisa dessas!

- Não seja tão afectado. Por que não?

- Como lhe pode ter ocorrido semelhante pensamento, depois de acabar de se despedir de Rosemary, uma moça tão encantadora?

- À noite, todos os gatos são pardos - articulou Gordon, com a sensação de que dava provas de uma sensatez profunda e cínica.

Ravelston decidiu ignorar o comentário.

- Vamos até Piccadilly Circus. Aí é mais fácil encontrar um táxi livre.

Os cinemas principiavam a esvaziar-se. Numerosas pessoas e fiadas de carros desfilavam nas artérias profusamente iluminadas. O cérebro de Gordon achava-se maravilhosamente desanuviado. Sabia que loucuras e imprudências cometera e se preparava para cometer. No entanto, apesar de tudo, parecia-lhe indiferente. Divisava, como se se encontrassem muito remotos, à semelhança de algo observado pelo lado errado de um telescópio, os seus trinta anos, a vida esbanjada, o futuro obscuro, as cinco libras de Júlia e Rosemary.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 179

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251