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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 226

- De certo modo, talvez, mas não o suficiente para persistires em me amar, quando há a certeza de que nunca terei dinheiro para te sustentar. Aceitar-me-ás como marido e não como amante. Continua a ser tudo uma questão de, dinheiro.

- Não é de dinheiro! Não se trata disso.

- É, sim. O dinheiro ergue-se entre nós desde o princípio. Dinheiro, sempre o dinheiro!

A cena continuou, mas não por muito mais tempo.

Ambos tiritavam de frio. Não há emoção que se revista de importância especial, quando uma pessoa se encontra numa esquina fustigada por vento glacial. Por fim, despediram-se, porém não com um «adeus» irrevogável. Ela limitou-se a dizer: «Tenho de ir», beijou-o e cruzou a rua apressadamente em direcção à paragem de «eléctrico». Gordon viu-a afastar-se com uma sensação em que predominava o alívio. Agora, não podia deter-se a perguntar a si próprio se a amava. Impunha-se que se afastasse da rua ventosa, das cenas e exigências emocionais, para regressar à tenebrosa solidão do seu sótão. Se porventura havia lágrimas nos seus olhos, deviam-se apenas ao frio do vento.

O caso de Júlia quase se podia considerar pior. Pediu-lhe que a procurasse, uma noite, depois de se inteirar, através de Rosemary, da oferta de emprego por parte de Mr. Erskine. O pormenor mais temível em relação a Júlia era que não compreendia nada, absolutamente nada, dos motivos do irmão. A única coisa que' entendia era que- lhe fora oferecido um «bom» emprego e recusara-o. Implorou-lhe quase de joelhos que não repelisse semelhante oportunidade. E quando Gordon declarou que tomara uma decisão inabalável, rompeu em lágrimas. Foi uma cena horrível. A pobre rapariga com configuração de ganso e vestígios grisalhos no cabelo, chorava sem graça nem dignidade na sua exígua sala-quarto mobilada! Aquilo representava a morte de todas as suas esperanças. Vira a família mergulhar, sem dinheiro nem filhos, na obscuridade cinzenta. Somente Gordon dispunha de possibilidades de triunfar, todavia, devido a uma perseverança insensata, negava-se a explorá-las. Ele sabia o que a irmã pensava - tinha de induzir em si próprio uma espécie de brutalidade para manter a sua posição com firmeza.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 226

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251