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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 228
A medida que o tempo passava, até o desejo de completar Prazeres Londrinos se extinguia. Gordon continuava com o manuscrito na algibeira, mas resumia-se a um gesto, um símbolo da sua guerra privada. Pusera termo definitivo ao sonho fútil de ser «escritor». Aliás, não representaria isso também uma forma de ambição? Queria libertar-se de tudo aquilo, ficar abaixo de tudo aquilo. Para baixo, para baixo! Para o reino de fantasmas, fora do alcance da esperança e do medo! No subsolo, no subsolo! Era aí que desejava estar.

No entanto, de certo modo, não era fácil. Uma noite, por volta das nove horas, encontrava-se estendido na cama, com a colcha remendada a cobrir-lhe os pés e as mãos sob a cabeça para as aquecer, pois o lume estava apagado, O pó era espesso, pousado em todas as superfícies. A aspidistra morrera uma semana atrás e mirrava, erecta, no vaso. Gordon retirou um dos pés de baixo da colcha, ergueu-o e contemplou-o. A peúga estava cheia de buracos - na realidade, havia mais buracos que peúga. Assim jazia Gordon Comstock, numa cama inclassificável de um quarto sórdido, com os pés a emergirem das peúgas, um xelim e quatro pence no bolso, três dezenas de anos atrás dele e nada, absolutamente nada, realizado! Sem dúvida que agora estava fora do alcance da redenção. Achava-se convencido de que, por muito que se esforçassem, não conseguiriam arrancá-lo de um pardieiro daqueles. Desejara alcançar a lama, que era certamente aquilo que o rodeava.

Todavia, sabia que não era assim. O outro mundo do dinheiro e êxito - encontra-se sempre singularmente próximo. Uma pessoa não se lhe esquiva refugiando-se meramente na imundície e miséria. Ele ficara assustado e irritado quando Rosemary se referira à oferta de Mr. Erskine, porque impelira o perigo para mais perto. Uma carta, um recado telefónico e, daquela sordidez, poderia regressar ao mundo do dinheiro - a quatro libras semanais, ao esforço e decência e à escravatura. Ir para o inferno não é tão fácil como parece. Às vezes, a nossa salvação persegue-nos lá abaixo como o Sabujo do Céu.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 228

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251