Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: Capítulo 12

Página 248
No dia seguinte, dirigir-se-ia à New Albion, com o seu melhor fato e sobretudo (convinha não se esquecer de desempenhar também o sobretudo), chapéu de feltro do tipo de figura rastejante da valeta, bem escanhoado e de cabelo cortado. Como se tivesse nascido de novo. O poeta andrajoso de agora quase seria irreconhecível no jovem homem de negócios do dia imediato. A firma readmiti-lo-ia, sem hesitar, pois ele possuía o talento necessário. Mergulharia no trabalho, venderia a alma e esforçar-se-ia por conservar o lugar.

E quanto ao futuro? Talvez viesse a verificar-se que os dois últimos anos não lhe tinham deixado muitas mazelas. Representavam apenas um hiato, um pequeno desvio na sua carreira. Com notável rapidez, agora que dera o primeiro passo, desenvolveria a cínica e rígida mentalidade dos negócios. Esqueceria os desgostos do passado, deixaria de se insurgir contra a tirania do dinheiro - cessaria mesmo de ter a consciência dele -, de sentir indignação perante os anúncios do Bovex e Flocos Truweet.

Venderia a alma tão totalmente, que esqueceria por completo que alguma vez lhe pertencera. Casaria, arrumar-se-ia, prosperaria com moderação, empurraria um carrinho de bebé, adquiriria um chalé, uma telefonia e uma aspidistra. Seria um cidadão respeitador da lei como qualquer outro - um soldado do exército dos passageiros dos transportes públicos.

Abrandou um pouco o andamento. Tinha trinta anos e havia vestígios grisalhos no seu cabelo, mas dominava-o a curiosa sensação de que só agora atingira o estado adulto. Acudia-lhe ao espírito que se limitava a repetir o destino de todos os seres humanos. Toda a gente se revolta contra o código do dinheiro e todos terminam, mais cedo ou mais tarde, por se lhe render. Ele mantivera simplesmente' a rebelião por mais algum tempo do que a maioria. E as suas diligências tinham redundado num malogro total. Perguntou-se se todos os anacoretas nas suas desoladoras celas ansiavam secretamente por regressar ao mundo dos homens. Talvez houvesse alguns a quem tal não sucedia. Alguém dissera que o mundo moderno só é habitado por santos e patifes.

<< Página Anterior

pág. 248 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 248

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251