rato, com cabelo abrilhantado, sentado a uma mesa de café, arreganhava os dentes num simulacro de sorriso acima de uma chávena de Bovex. "A Mesa do Canto saboreia a refeição com Bovex», rezava a lenda.
Gordon encurtou o foco dos olhos. Na vidraça coberta de pó, o reflexo do seu rosto olhava-o, impassível. Não era um rosto particularmente agradável. Apesar de ainda não ter trinta anos, já carcomido pelo tempo.
Muito pálido, com linhas de amargura inerradicáveis. Aquilo a que as pessoas chamam uma boa «testa» - ou seja, larga -, mas queixo pequeno e pontiagudo, pelo que o rosto no seu conjunto parecia, mais ter a forma de uma pêra do que oval. Cabelo da cor de rato e descuidado, boca pouco generosa, olhos cor-de-avelã a tenderem para o verde. Voltou a alongar o foco dos olhos. Actualmente detestava os espelhos. Lá fora, era tudo frio e invernoso. Um «eléctrico», qual ruidoso cisne de aço, deslizava, grunhindo, nos carris e, na sua esteira, o vento varria detritos de folhas espezinhadas. Os ramos do ulmeiro agitavam-se e alongavam-se para leste. O cartaz que anunciava o Molho Q. T. estava rasgado numa das pontas: uma tira de papel ondulava irregularmente como uma pequena flâmula. Na rua lateral, à direita, os choupos despidos que se alinhavam no pavimento também se inclinavam vivamente, quando o vento os atingia. Um vento intenso desagradável. Transportava uma nota ameaçadora, enquanto soprava: o primeiro rugido da cólera invernal. Dois versos de um poema lutaram para nascer na mente de Gordon:
Vivamente, o vento qualquer coisa... ominoso, por exemplo? Não, era preferível ameaçador. O vento ameaçador sopra... não, digamos, varre.
Os choupos qualquer coisa... dóceis? Não, melhor flexível. Assonância entre ameaçador e flexível? Não interessa. Os flexíveis choupos recém-despidos. Muito bem.
Vivamente, o vento ameaçador varre
Os flexíveis choupos, recém-despidos.
Óptimo. "Despidos» é difícil de rimar; no entanto, resta sempre "ar", para o que todos os poetas desde Chaucer se