- Beba! - indicou, com cordialidade forçada.
É altura de irmos a outra.
Gordon esvaziou a sua e deixou o editor levá-la.
Agora, não se importava de que pagasse as bebidas, pois ele pagara a primeira rodada e a honra fora satisfeita. Ravelston aproximou-se do bar com uma ponta de constrangimento. As pessoas voltaram a olhá-lo, a partir do momento em que se levantou. O escavador ainda inclinado sobre' O' balcão diante da caneca intacta, observou-o com discreta insolência. Ravelston decidiu que não ingeriria nem mais uma gota daquela horrível mistela.
- Dois uísques duplos, por favor - pediu, algo receosamente.
- O quê? - A possante proprietária arregalou os olhos.
- Dois uísques duplos, par favor.
- Não há, uísque na casa. Não vendemos bebidas alcoólicas. Na verdade, somos uma cervejaria.
O escavador sorriu e' coçou o bigode. «Um janota ignorante!», reflectia. «A pedir uísque numa casa de cerveja!» O semblante normalmente pálido de Ravelston corou um pouco.
Desconhecia até àquele momento que alguns dos botequins mais pobres não se podiam permitir o luxo de adquirir licença de venda de bebidas alcoólicas.
- Então Bass , par favor. Duas Bass das grandes. Não havia das grandes. Tiveram de se contentar com quatro das pequenas. Era de facto um botequim particularmente modesto. Gordon ingeriu um profundo e satisfatório trago da Bass. Mais alcoólica que a cerveja a copo, fervilhava e fazia-lhe cócegas na garganta e, como ele tinha fome, subiu-lhe um pouco à cabeça. Sentiu-se imediatamente mais filosófico e autocomiserativo. Decidira não começar a queixar-se da sua pobreza, mas afinal mudou de ideias e proferiu abruptamente:
- Tudo isso de que falámos são tretas. '-O quê?
- Todo esse paleio sobre o socialismo, capitalismo, estado do mundo moderno e só Deus sabe que mais. Estou-me nas tintas para o estado do mundo moderno. Mesmo que toda a Inglaterra morresse de fome, excepto eu e as pessoas que estimo, não me importaria absoluta mente nada.