Sangue Azul - Cap. 12: 12 Pág. 120 / 287

.. se o criado não estivesse de luto, tê-lo-íamos conhecido pela libré.

- Reunindo todas estas circunstâncias tão extraordinárias observou o capitão Wentworth -, devemos considerar que foi obra da Providência, não terem sido apresentadas ao seu primo.

Quando conseguiu prender a atenção de Mary, Anne tentou convencê-la, calmamente, de que o pai delas e Mr. Elliot não mantinham, há muitos anos, relações que permitissem tornar uma apresentação de modo algum desejável.

Ao mesmo tempo, no entanto, era motivo de secreta gratificação para si própria ter visto o primo e saber que o futuro senhor de Kellynch era indubitavelmente um cavalheiro e tinha um ar de bom senso. Não mencionaria, por nada deste mundo, que o encontrara uma segunda vez; por sorte, Mary não atribuíra muita importância ao facto de terem passado perto dele, no passeio matinal, mas sentir-se-ia insultada se soubesse que Anne chocara realmente com ele, no corredor, e recebera as suas muito corteses desculpas, enquanto ela nunca estivera de facto perto dele. Não, aquele breve encontro de primos tinha de permanecer um segredo total.

- Claro que - disse Mary - mencionarás que vimos Mr. Elliot, quando escreveres para Bath. Acho que meu pai tem de saber isso. Por favor, refere tudo a seu respeito.

Anne evitou uma resposta directa, pois tratava-se de uma circunstância que considerava não meramente desnecessária de ser comunicada, como devendo ser suprimida. A ofensa que fora feita a seu pai, há muitos anos, conhecia-a; do papel particular de Elizabeth nela, suspeitava, e que a simples ideia de Mr. Elliot produzia sempre irritação em ambos era coisa que não sofria a mínima dúvida. Mary nunca escrevia pessoalmente para Bath; toda a estafa de manter uma correspondência espaçada e insatisfatória com Elizabeth recaía sobre Anne.





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