Sangue Azul - Cap. 12: 12 Pág. 132 / 287

Mas ela mostrou-se tão ansiosa e resoluta! Querida e doce Louisa!

Anne pensou se alguma vez lhe ocorreria agora questionar a correcção da sua própria opinião anterior quanto ao acerto universal e à vantagem da firmeza de carácter - e se não acharia, porventura, que, como todas as outras qualidades morais, ela deveria ter as suas proporções e os seus limites. Pensou que ele dificilmente deixaria de sentir que um temperamento presumível podia, algumas vezes, ser tão a favor da felicidade como uma personalidade muito resoluta.

Avançavam com rapidez. Anne surpreendia-se por reconhecer tão depressa os mesmos montes e os mesmos objectos. A velocidade real a que viajavam, acelerada por um certo temor da chegada, fazia com que o comprimento da estrada parecesse ser metade do que fora no dia anterior. Começou, no entanto, a ficar muito penumbrento antes de chegarem às imediações de Uppercross. Há algum tempo que se fizera silêncio total entre eles, com Henrietta encostada no seu canto, com um xaile sobre o rosto, dando a impressão, e a esperança, de que acabara por adormecer, embalada pelo choro, quando, ao subirem o último monte, Anne ouviu, de repente, o capitão Wentworth dirigir-se-lhe e dizer, em voz baixa e cautelosa:

- Tenho estado a reflectir na melhor maneira de procedermos. A Henrietta não deve aparecer logo, ao princípio. Poderia não suportar. Pensei se não seria melhor a Anne ficar na carruagem com ela, enquanto eu entro e dou a notícia a Mr. e Mrs. Musgrove. Acha que o plano é bom?

Anne achou que sim. Ele ficou satisfeito e não disse mais nada. Mas a recordação da pergunta manteve-se um prazer para ela, como uma prova de amizade e deferência para com o seu critério, um grande prazer até - e o seu valor não diminuiu nem mesmo quando se tornou uma espécie de prova de despedida.





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