Sangue Azul - Cap. 18: 6 Pág. 195 / 287

Almirante, que não haja nada no estilo da carta do capitão Wentworth que os tenha deixado, ao senhor e a Mrs. Croft, particularmente incomodados. É sem dúvida verdade que, no Outono passado, parecia haver um afecto entre ele e a Louisa Musgrove, mas eu desejo que se possa deduzir que esse afecto se tenha diluído de ambos os lados, por igual e sem violência. Espero que a carta dele não deixe transparecer o estado de espírito de um homem desconsiderado.

- Não, não, de maneira nenhuma. Não contém uma imprecação ou um murmúrio do princípio ao fim.

Anne baixou a cabeça, para esconder o sorriso.

- Não, não. O Frederick não é homem para lamuriar e queixar-se, tem demasiada garra para isso. Se a rapariga gosta mais de outro homem, acha muito certo que fique com ele.

- Sem dúvida. Mas o que eu quero dizer é que espero não haja nada na maneira de escrever do capitão Wentworth que o leve a supor que ele se sente insultado pelo amigo, o que podia acontecer, compreende, sem que ele o dissesse claramente. Eu lamentaria muito se uma amizade como a que existia entre ele e o capitão Benwick fosse destruída, ou sequer ferida, por uma circunstância desta natureza.

- Sim, sim, eu compreendo-a. Mas não há absolutamente nada dessa natureza na carta. Ele não faz o mínimo remoque ao Benwick, não diz sequer: «Estou admirado, tenho um motivo próprio para me admirar com o sucedido.» Não, não se pode inferir, da sua maneira de escrever, que ele alguma vez pensou nessa Miss (como é o nome dela?) para si mesmo. Deseja muito generosamente que sejam felizes os dois, e não há nada de rancoroso nisso, penso eu.

Anne não captou a convicção absoluta que o almirante pretendia transmitir, mas teria sido inútil pressioná-lo mais. Contentou-se, por isso, com observações triviais, ou serena atenção, e o almirante levou a sua avante em tudo.





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