Sangue Azul - Cap. 19: 7 Pág. 202 / 287

Outro pormenor que considerava essencial saber era quanto tempo ele tencionava permanecer em Bath; ele não o mencionara, ou então ela não se lembrava. Podia estar apenas de passagem. Mas era mais provável que tivesse vindo para ficar. Nesse caso, em virtude de serem tão grandes as possibilidades de toda a gente encontrar toda a gente em Bath, era quase certo que Lady Russell acabaria por vê-lo em qualquer lado. Lembrar-se-ia dele? Como seria, se se encontrassem?

Anne já tinha sido obrigada a dizer a Lady Russell que Louisa Musgrove ia casar com o capitão Benwick, e tivera alguma dificuldade em lidar com a surpresa da amiga. E agora, se ela por acaso se encontrasse com o capitão Wentworth, o seu conhecimento imperfeito das suas intenções poderia originar mais uma sombra de preconceito contra ele.

Na manhã seguinte, Anne saiu com a amiga e passou a primeira hora numa espécie de vigilância incessante e receosa - e também vã - por ele. Mas por fim, ao regressarem pela Pulteney-street abaixo, entreviu-o no passeio do lado direito, a tal distância que ele iria ficar à vista durante a maior parte da rua. Encontravam-se muitos outros homens na sua proximidade, muitos grupos a caminhar no mesmo sentido, mas era realmente ele, não havia dúvida. Olhou instintivamente para Lady Russell, embora não impeli da por qualquer ideia louca de que a senhora o reconhecesse tão depressa como ela própria o tinha reconhecido. Não, não era de crer que Lady Russell desse por ele antes de se encontrarem quase do lado oposto. No entanto, não conseguia deixar de a olhar de quando em quando, ansiosamente. E quando se aproximou o momento que poderia denunciá-lo, embora não se atrevesse a olhar de novo (pois sabia que o seu próprio semblante não estava em condições de ser visto), teve perfeita consciência de que o olhar de Lady Russell estava voltado exactamente na direcção dele e de que, em breve, ela o observaria com atenção.





Os capítulos deste livro