- Que exagero, que exagero! É demasiada lisonja. Esqueci-me do que vamos ouvir a seguir - disse Anne, consultando o programa.
- Talvez - observou Mr. Elliot em voz baixa - eu conheço o seu carácter há mais tempo do que imagina.
- Deveras? Mas como? Só pode tê-lo conhecido desde que eu vim para Bath, a' não ser que tenha ouvido falar de mim antes, à minha família.
- Eu conhecia-a por ouvir falar muito antes de a Anne ter vindo para Bath. Ouvi a sua descrição feita por quem a conheceu intimamente. Há muitos anos que conheço o seu carácter. A sua pessoa, o seu temperamento, os seus dotes e a sua maneira de ser foram-me todos descritos, eu estava ao corrente de tudo isso.
Mr. Elliot não ficou decepcionado com o interesse que, como esperava, inspirou. Ninguém consegue resistir ao encanto de semelhante mistério. Ter sido descrita há muito tempo a um conhecimento recente, por pessoas não mencionadas, é irresistível, e Anne estava cheia de curiosidade. Interrogou-o insistentemente, mas em vão. Encantava-o ser interrogado, mas recusou-se a responder.
Não, não... em qualquer outra altura talvez lhe dissesse, mas agora não. Agora não mencionaria quaisquer nomes. Garantia-lhe, no entanto, que era verdade o que lhe tinha dito. Há muitos anos ouvira descrever Miss Anne Elliot de tal maneira que lhe inspirara a mais elevada consideração pelos seus méritos e despertara a mais ardente curiosidade de a conhecer.
Anne não foi capaz de se lembrar de ninguém que pudesse ter falado dela com favoritismo, há muitos anos, a não ser Mr. Wentworth, de Monkford, o irmão do capitão Wentworth. Talvez ele tivesse estado na companhia de Mr. Elliot, mas ela não teve a coragem de lho perguntar.
- O nome de Anne Elliot - continuou ele -, há muito que tinha um som interessante para mim.