Elliot era quando muito jovem. Parecia-se alguma coisa com o que é agora?
- Há três anos que não vejo Mr. Elliot - foi a resposta de Mrs. Smith, dada tão gravemente que se tornou impossível insistir mais no assunto. E Anne teve a impressão de que não conseguira nada além de um aumento da sua curiosidade.
Ficaram ambas silenciosas, e Mrs. Smith muito pensativa. Por fim:
- Peço-lhe perdão, minha querida Miss Elliot - disse, no seu tom de cordialidade natural. - Peço-lhe perdão pelas respostas curtas que lhe tenho estado a dar, mas sentia-me hesitante quanto ao que devia fazer. Tinha dúvidas e considerava o que devia dizer-lhe. Era necessário tomar muitas coisas em conta. Uma pessoa detesta ser intrometida, causar má impressão, provocar enredos. Até mesmo a superfície suave da união familiar parece digna de ser preservada, embora possa não haver nada de duradoiro por baixo. No entanto, decidi-me, e acho que bem. Penso que deve tomar conhecimento do verdadeiro carácter de Mr. Elliot. Apesar de acreditar piamente que, neste momento, a minha amiga não tem a mínima intenção de o aceitar, nunca se sabe o que poderá vir a acontecer. A Anne pode, em qualquer ocasião, sentir de maneira diferente em relação a ele. Ouça, portanto, a verdade agora, enquanto não tem qualquer parcialidade. Mr. Elliot é um homem sem coração ou consciência, um ser ardiloso, desconfiado e insensível que só pensa em si mesmo, que, para seu próprio interesse ou comodidade, seria capaz de qualquer crueldade, ou traição, desde que pudesse ser perpetrada sem risco para o seu carácter. Não tem nenhum sentimento pelos outros. É capaz de desamparar e abandonar sem a mínima piedade ou escrúpulo aqueles de cuja ruína foi o causador principal. É absolutamente insensível a qualquer sentimento de justiça ou compaixão.