Sangue Azul - Cap. 21: 9 Pág. 225 / 287

Oh, tem o coração negro, oco e negro!

O ar de espanto de Anne, e a sua exclamação, fizeram-na parar um momento, antes de continuar em tom mais calmo:

- As minhas palavras assustam-na. Deve dar o desconto devido a uma mulher ferida e indignada. Mas eu vou tentar dominar-me. Não o ofenderei. Limitar-me-ei a dizer-lhe o que descobri que ele é. Os factos falarão por si. Mr. Elliot era amigo íntimo do meu querido marido, que confiava nele e o estimava, e o considerava tão bom como ele próprio. A intimidade formara-se antes dó nosso casamento. Eu achava-os amigos muito íntimos, e eu própria me encantei excessivamente com Mr. Elliot e formei a mais elevada opinião a seu respeito. Aos dezanove anos, como sabe, não pensamos muito a sério, mas Mr. Elliot parecia-me tão bom como outros e muito mais simpático do que a maioria, e estávamos quase sempre juntos. Vivíamos principalmente na cidade, e em grande estilo. Ele encontrava-se então em circunstâncias inferiores, o pobre, então, era ele. Tinha aposentos em Temple e precisava de se esforçar muito para manter as aparências de um cavalheiro. Tinha lugar em nossa casa sempre que queria, era sempre bem-vindo, como um irmão. O meu pobre Charles, que possuía a alma mais generosa do mundo, teria sido capaz de repartir a sua última moeda com ele, e eu sei que a sua bolsa esteve aberta para o amigo, sei que o ajudou muitas vezes.

- Isso deve ter sido mais ou menos naquele período da vida de Mr. Elliot - observou Anne - que sempre me suscitou especial curiosidade. Deve ter sido mais ou menos quando ele se tornou conhecido do meu pai e da minha irmã. Eu nunca o tinha visto, só ouvia falar dele, mas houve na sua conduta de então qualquer coisa desagradável a respeito do meu pai e da minha irmã, e depois também nas circunstâncias do seu casamento, que nunca consegui conciliar com o presente.





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