Sangue Azul - Cap. 3: 3 Pág. 23 / 287

- Então tenho a certeza, - observou Sir Walter - de que o seu rosto deve ser tão cor de laranja como os punhos e as capas curtas da libré dos meus criados.

Mr. Shepherd apressou-se a garantir-lhe que o almirante Croft era um homem muito escorreito, vigoroso e bem-parecido, um pouco tisnado pelo tempo, sem dúvida, mas não muito, e um completo cavalheiro em todas as suas ideias e comportamento: não era provável que criasse a mínima dificuldade quanto às condições do contrato. Queria apenas uma casa confortável e instalar-se nela o mais depressa possível, sabia que tinha de pagar por esse privilégio, sabia a renda que uma casa mobilada e pronta a habitar, daquela categoria, podia atingir, não ficaria surpreendido se Sir Walter pedisse mais, informara-se a respeito da propriedade senhorial, ficaria satisfeito, sem dúvida, se recebesse autorização para caçar nos terrenos, mas não fazia grande questão disso, dissera que por vezes pegava numa espingarda, mas nunca matava - um perfeito cavalheiro.

Mr. Shepherd falou com eloquência, sublinhando todas as circunstâncias da família do almirante que o tornavam particularmente desejável como inquilino. Era casado e não tinha filhos, uma situação perfeitamente adequada. Uma casa nunca era convenientemente cuidada, observou o procurador, sem a presença de uma senhora: não saberia dizer se o mobiliário não estaria em risco de sofrer tantos estragos quando não havia uma senhora, como quando havia muitas crianças. Uma senhora sem filhos, era a melhor conservadora de mobiliário do mundo. E além do mais ele tinha visto Mrs. Croft; ela encontrava-se em Taunton com o almirante e estivera presente quase o tempo todo, enquanto tinham discutido o assunto.

- Achei-a uma senhora muito bem-falante, perspicaz e distinta - continuou.





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