Sangue Azul - Cap. 22: 10 Pág. 254 / 287

- Oh, Charles, será abominável se fizeres uma coisa dessas! Depois de teres prometido ir.

- Não, eu não prometi. Eu limitei-me a sorrir afectadamente, a inclinar a cabeça e a dizer «muito gosto». Não houve promessa nenhuma.

- Mas tens de ir, Charles. Seria imperdoável se faltasses. Fomos convidados propositadamente para sermos apresentados. Houve sempre relações estreitas entre os Dalrymple e nós, nunca aconteceu nada em qualquer dos lados que não fosse imediatamente anunciado ao outro. Somos parentes muito chegados, bem sabes... e Mr. Elliot também, com o qual devemos, em especial, travar conhecimento! São devidas todas as atenções a Mr. Elliot. Pensa, ele é o herdeiro de meu pai, o futuro representante da família.

- Não me fales de herdeiros e representantes - gritou Charleso - Não sou daqueles que ignoram o poder reinante para se curvarem diante do Sol nascente. Se eu não fosse por causa do teu pai, acho que seria escandaloso ir por causa do seu herdeiro. O que é Mr. Elliot para mim?

A expressão de indiferença animou Anne, que reparou que o capitão Wentworth estava a prestar a maior atenção, olhando e escutando com toda a alma - e que as últimas palavras desviaram os seus olhos interrogadores de Charles para ela própria.

Charles e Mary continuavam a falar no mesmo tom, ele meio sério, meio trocista, mantendo o plano para o teatro, e ela, invariavelmente séria, opondo-se calorosamente a ele e não se esquecendo de dar a saber que, por muito decidida que estivesse a ir a Camden-place, não se julgaria tratada com muita consideração se eles fossem ao teatro sem ela. Mrs. Musgrove interveio:

- Acho preferível adiarmos, Charles. Será muito melhor voltares ao teatro e mudares a marcação do camarote para terça-feira.





Os capítulos deste livro