Sangue Azul - Cap. 23: 11 Pág. 268 / 287

Ter-lhe-ia sido impossível pronunciar, naquele momento, mais uma só frase que fosse, tão transbordante estava o seu coração, tão sufocada a sua respiração.

- É uma boa alma - declarou o capitão Harville, colocando afectuosamente a mão no braço dela. - Não é possível discutir consigo. E quando penso no Benwick, a minha língua fica tolhida.

Os outros reclamaram a sua atenção. Mrs. Croft estava a despedir-se.

- Creio que nos separamos aqui, Frederick - disse ela. - Eu vou para casa e tu tens um compromisso com o teu amigo. Esta noite teremos o prazer de nos voltarmos a encontrar todos na sua festa - acrescentou, voltando-se para Anne. - Ontem recebemos o cartão da sua irmã, e consta-me que o Frederick também tem um, embora eu não o tenha visto... e tu estás livre, não estás, Frederick, assim como nós?

O capitão Frederick estava a dobrar uma carta muito apressadamente, e não pôde ou não quis responder por inteiro.

- Sim, é verdade, separamo-nos aqui. Mas o Harville e eu não tardamos a sair também - isto é, Harville, se você está pronto, eu também estarei dentro de trinta segundos. Sei que não lhe desagradará pôr-se a caminho, estarei às suas ordens dentro de trinta segundos.

Mrs. Croft saiu, e o capitão Wentworth, depois de fechar a carta com grande rapidez, ficou de facto pronto, e até com um ar apressado e agitado, que denunciava a sua impaciência por partir. Anne não conseguiu entender tal atitude. Recebeu um «Bom dia, Deus a abençoe», muito amável do capitão Harville, mas dele nem uma palavra, nem um olhar. Ele tinha saído da sala sem um olhar!

Mal tivera tempo, no entanto, para se aproximar mais da mesa onde ele estivera a escrever, quando ouviu passos, que retrocediam. A porta abriu-se, e era ele. Pediu-lhes desculpa e explicou que se esquecera das luvas.





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