Sangue Azul - Cap. 1: VOLUME I – 1 Pág. 4 / 287

O valor das suas duas outras filhas era muito inferior. Mary adquirira um pouco de importância artificial ao tornar-se Mrs. Charles Musgrove, mas Anne, possuidora de uma elegância de espírito e uma doçura de carácter que deveriam tê-la colocado num elevado lugar na consideração de qualquer pessoa dotada de verdadeira compreensão, não era ninguém, nem para o pai nem para a irmã: a sua voz não tinha qualquer peso; a sua conveniência residia em transigir, ceder sempre - era apenas Anne.

É verdade que, para Lady Russell, ela era realmente uma muito querida e altamente apreciada afilhada, a sua preferida e amiga. Lady Russell amava-as a todas, mas só em Anne conseguia imaginar que a mãe poderia voltar a viver.

Alguns anos antes, Anne Elliot tinha sido uma rapariga muito bonita, mas o seu viço dissipara-se cedo - e como, mesmo no apogeu dessa frescura, o pai pouco encontrara que admirar na filha, tão completamente diferentes dos dele eram os seus traços delicados e doces olhos escuros, não podia haver neles, agora que estava estiolada e magra, nada capaz de estimular a sua estima. Nunca alimentara muita esperança, e presentemente não tinha nenhuma, de alguma vez ler o nome de Anne nalguma página da sua obra favorita. Toda a igualdade em termos de aliança tinha de assentar em Elizabeth, pois Mary mais não fizera do que ligar-se a uma antiga família rural de muita respeitabilidade e grande fortuna, e por conseguinte tinha sido ela a dar toda a honra sem receber nenhuma. Um dia, Elizabeth havia de casar apropriadamente.

Acontece, às vezes, uma mulher ser mais bonita aos vinte e nove anos do que foi uma década antes, e, falando de uma maneira geral, se não houve nem falta saúde nem ansiedade, trata-se de uma época da vida em que quase nenhum encanto se perdeu.





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