Sangue Azul - Cap. 5: 5 Pág. 43 / 287

- Aonde vamos? - perguntou, quando estavam prontas. Suponho que não gostarás de ir à Casa Grande antes de eles te terem vindo visitar?

- Não tenho a mínima objecção a esse respeito - respondeu Anne. - Jamais me passaria pela cabeça estar com semelhantes cerimónias com pessoas que conheço tão bem como Mrs. Musgrove e as filhas.

- Oh, mas elas têm obrigação de te visitar o mais cedo possível! Devem ter a noção do que te é devido como minha irmã!

No entanto, podemos ir lá e passar um bocadinho com elas, e quando despacharmos isso saborearemos o nosso passeio.

Anne considerara sempre aquele estilo de relações extremamente leviano, mas deixara de tentar corrigi-lo por estar convencida de que, embora houvesse de ambos os lados contínuos motivos de ofensa, nenhuma das famílias podia agora passar sem ele. Foram, portanto, à Casa Grande, onde se sentaram a meia hora do costume na antiquada sala quadrada, com uma pequena carpete e soalho reluzente, a que as filhas da casa tinham pouco a pouco dado o adequado ambiente de confusão com o acrescento de um piano de cauda e uma harpa, colunas com jarras de flores e pequenas mesas espalhadas em todas as direcções. Oh, se os originais dos retratos pendurados contra o lambril, os cavalheiros vestidos de veludo castanho e as damas de cetim azul, pudessem ver o que estava a acontecer, ter consciência de tamanha subversão da ordem e da arrumação! Os próprios retratos pareciam olhar cheios de espanto.

Os Musgrove, como as suas casas, encontravam-se num estado de mudança, talvez de progresso. O pai e a mãe pertenciam ao velho estilo inglês, e os jovens ao novo. Mr. e Mrs. Musgrove eram pessoas muito boas, cordiais e hospitaleiras, não muito cultas e absolutamente nada elegantes. Os seus filhos tinham mentalidades e maneiras mais modernas.





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