Sangue Azul - Cap. 5: 5 Pág. 42 / 287

Tive também de me ocupar de todas as minhas pequenas coisas: livros e música para separar e todas as minhas malas para fazer de novo, pois não compreendera a tempo o que estava decidido quanto às carruagens. E houve ainda uma coisa muito penosa que tive de fazer, Mary: ir a quase todas as casas da paróquia, numa espécie de despedida. Tinham-me dito que desejavam que lá fosse. Todas estas coisas levaram muito tempo.

- Oh, pois sim... - E após uma pequena pausa: - Mas ainda não me perguntaste nada a respeito do nosso jantar de ontem em casa dos Poole.

- Então foste? Eu não perguntei nada porque deduzi que terias sido obrigada a desistir da festa.

- Oh, claro que fui! Ontem estava muito bem, não tive nada até esta manhã. Teria parecido estranho se eu não fosse.

- Fico muito satisfeita por teres estado bem e espero que tenha sido um jantar agradável.

- Não foi nada de extraordinário. Sabemos sempre de antemão o que vai ser o jantar e quem lá vai estar. E é muito desconfortável não ter uma carruagem própria. Mr. e Mrs. Musgrove levaram-me, fomos muito apertados! Eles são os dois tão corpulentos, e ocupam tanto espaço! Mr. Musgrove senta-se sempre à frente. Por isso, ali fui eu comprimida no banco de trás com a Henrietta e a Louisa. Acho até muito provável que a minha indisposição de hoje se deva a isso.

Um pouco mais de perseverança na paciência e forçada boa disposição da parte de Anne, quase curaram Mary. Em breve conseguiu sentar-se direita no sofá e começou a ter esperança de poder abandoná-lo pela hora do almoço. Depois, esquecendo-se de pensar no assunto, foi ao outro lado da sala dar uns retoques no ramalhete de flores; em seguida comeu as suas carnes frias, e depois sentiu-se suficientemente bem para propor um pequeno passeio.





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