Que hei-de fazer? Tenho esta camisa que trago no corpo. Uma saia empenhei-a. Há dois dias que não como.
– Mata-te. Para que vieste tu ao rio?
– Para me afogar... Mas tenho um medo à água!...
Quando meti os pés no rio tão negro, fugi...
Apertou-a nas grandes mãos, mas ela nem sequer gritou. Era uma coisa já sem forças, abandonada, que chegara a compreender que seria sempre a presa do mais forte. O ladrão ria. E ela só gemeu:
– Ó minha mãezinha!...
E tombou para o lado.
O Morto palpou-a. Estava encharcada, todo o pobre corpo, ainda por criar, enregelado e transido.
– Tu que tens?
– Nada. Fome.
– Toma lá.
E o ladrão deu-lhe todo o pão que trazia.