Cunningham -, isto é sem dúvida alguma desnecessário. Aquele ao fundo da escada é o meu quarto; o do meu filho é o que fica do outro lado. Deixo ao seu critério se seria possível ao ladrão subir até aqui sem nos perturbar.
- O senhor deve dar meia volta e tentar descobrir uma pista fresca, creio eu - disse o filho, com um sorriso muito malicioso.
- Preciso de pedir que me concedam um pouco mais de paciência. Gostaria, por exemplo, de ver a que distância do chão ficam as janelas da frente. Este, suponho, é o quarto de seu filho - e empurrou a porta - e este outro, presumo, é o quarto de vestir onde Alec Cunningham estava a fumar quando foi dado o alarme. Para onde dá a janela daquele? - Dirigiu-se para o quarto, abriu a porta e olhou em volta.
- Suponho que agora já está satisfeito? - perguntou Mr. Cunningham, de mau humor.
- Muito obrigado, creio que já vi tudo o que queria.
- Então, se for realmente necessário, podemos entrar no meu quarto.
- Se não é pedir de mais.
O juiz de paz encolheu os ombros e abriu caminho para o seu próprio quarto, que era vulgar e simplesmente mobilado. Caminhando na direcção da janela, Holmes atrasou-se tanto que eu e ele éramos os últimos do grupo. Perto da cama havia uma mesa quadrada, sobre a qual havia uma fruteira com laranjas e uma garrafa de água. Ao passar por ela, para meu enorme espanto, curvou-se à minha frente e esbarrou nela, derrubando-a com tudo o que estava em cima. O que era de vidro fez-se em mil pedaços e as frutas rolaram pelos quatro cantos do quarto.
- Que lindo serviço, Watson - disse ele friamente. -Veja a porcaria que fez no tapete.
Baixei-me confuso para apanhar as frutas, compreendendo que devia haver um motivo para que o meu companheiro quisesse que eu arcasse com a culpa.