- Oh! - exclamou o inspector - Aonde foi ele? Holmes tinha desaparecido.
- Esperem aqui um instante - disse o jovem Cunningham. O homem não regula bem da cabeça, parece-me. Venha, meu pai, vamos ver para onde foi.
Saíram do quarto, deixando o inspector, o coronel e eu a olharmos uns para os outros.
- Palavra que estou quase a concordar com Mr. Alec - disse o oficial. - Pode ser o efeito da doença, mas parece-me que...
As suas palavras foram cortadas por um grito repentino de alarme. «Socorro! Socorro! O assassino!» Com um estremecimento reconheci a voz do meu amigo. Saí como louco do quarto para o patamar. Os gritos, que se transformavam num rouco e inarticulado berreiro, vinham do quarto que visitáramos primeiro. Precipitei-me para lá, e depois para o quarto de vestir.
Ambos os Cunningham estavam curvados sobre a figura prostrada de Sherlock Holmes; o mais jovem apertava-lhe a garganta com ambas as mãos e o mais velho pareceu-me estar a torcer-lhe o pulso. Num instante os separámos e Holmes cambaleou para ficar de pé, muito pálido, evidentemente exausto.
- Prenda estes homens, inspector! - arfou ele.
- Sob que acusação?
- A do assassínio do cocheiro William Kirwan!
O inspector olhou-o muito confuso.
- Oh! Mr. Holmes, ora vamos - disse ele -, estou certo de que o senhor não quer dizer que...
- Basta, homem, olhe para a cara deles! - gritou Holmes secamente.
Era certo; jamais vi uma confissão de culpa mais completa em rosto humano. O velho parecia entorpecido e pasmado, com uma expressão grave e sóbria que lhe marcava fortemente o rosto. O filho, por outro lado, perdera toda a sua altivez e a maneira impetuosa que o caracterizava, e a ferocidade de um animal selvagem brilhava nos seus olhos escuros, deformando-lhes as suas feições correctas.