»O coronel Barclay casou-se quando era sargento. E a sua esposa, cujo nome de solteira era Nancy Devoy, era filha de um antigo sargento porta-bandeira. Houve, portanto, um leve atrito social quando o jovem par (porque ele era ainda jovem) se encontrou no seu novo ambiente. Parece, no entanto, que se adaptaram rapidamente. Mrs. Barclay tem sido sempre, segundo me disseram, tão popular entre as senhoras do regimento como o seu marido entre os seus camaradas de armas. Posso acrescentar que era uma mulher de grande beleza e que mesmo agora, depois de trinta e tantos anos de casada, é ainda de aparência atraente.
»A vida familiar do coronel Barclay parece ter sido uniformemente feliz. O major Murphy, a quem devo a maioria destas informações, assegura-me que nunca ouviu falar de nenhuma desavença entre o casal. Em resumo, é da opinião que a devoção de Barclay pela esposa era maior do que a da esposa por ele. Ficava terrivelmente inquieto se se separasse dela por um dia. Ela, pelo contrário, posto que dedicada e fiel, era menos claramente afeiçoada. Mas eram considerados no regimento como verdadeiro modelo de um casal de meia-idade. Não havia absolutamente nada nas suas relações mútuas que os preparasse para a tragédia que iria seguir-se.
»O próprio coronel Barclay parece ter tido aspectos singulares de carácter. Era um velho soldado habitualmente jovial e impetuoso. Mas havia ocasiões em que parecia mostrar-se de considerável violência e com tendências para a vingança. Todavia, essa faceta da sua natureza parece nunca se ter voltado contra a sua esposa. Outro facto que chocou o major Murphy, e três dos outros cinco oficiais com quem conversei, era uma espécie de estranha melancolia que o atacava às vezes.