As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 7: O Corcunda Pág. 155 / 274

Pode ver-se que não há menos de quinze polegadas da pata dianteira à traseira. Acrescente a isso o comprimento do pescoço e da cabeça e você terá um animal com cerca de dois pés de comprimento - provavelmente mais, se tiver rabo. Mas observe agora esta outra medida. O animal estava em movimento, e temos o comprimento das suas passadas. Em cada caso, é apenas de três polegadas. Tem-se assim a indicação, compreende, de um corpo comprido com pernas muito curtas. Não nos fez a fineza de nos presentear com alguns pêlos.

Mas a sua forma geral deve ser a que indiquei, sabe subir pelas persianas e é carnívoro.

- Como é que o sabe?

- Porque, com efeito, subiu à persiana. Estava pendurada à janela a gaiola de um canário; ora, agarrar o pássaro parece ter sido o seu objectivo.

- Então o que era o animal?

- Ah! Se eu lhe pudesse dar um nome, podia ter ido muito longe na solução do caso. Em resumo, era uma criatura da raça da doninha ou do arminho, todavia é maior do que qualquer desses que já vi.

- Mas o que teria a ver com o crime?

- Isto também ainda é obscuro. Mas descobrimos bastantes coisas, como vê. Sabemos que um homem esteve parado na estrada, observando a discussão entre os Barclay, e que as cortinas estavam abertas e a sala iluminada. Sabemos também que ele correu pelo relvado e entrou na sala, acompanhado por um animal estranho. E atacou o coronel ou, o que é igualmente possível, o coronel, à vista dele, caiu num susto e partiu a cabeça num canto do fogão de sala. Finalmente, temos o facto curioso de o intruso levar a chave quando fugiu.

- As suas descobertas parecem ter tornado o assunto mais obscuro do que ao princípio - disse.

- Isso mesmo. Indubitavelmente mostraram que a questão é muito mais profunda do que a princípio se supôs.





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