As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 7: O Corcunda Pág. 159 / 274

Tudo o que antes estava desconexo começou logo a assumir o seu verdadeiro lugar, e eu tinha um pressentimento sombrio de toda a sequência dos acontecimentos. Como é natural, a minha diligência seguinte foi descobrir o homem que tinha produzido tão extraordinária impressão em Mrs. Barclay. Se ele estivesse ainda em Aldershot não seria coisa muito difícil. Não há lá um grande número de civis e é evidente que um homem deformado teria atraído a atenção. Perdi um dia na pesquisa, e à noite, nesta mesma noite, Watson, descobri-o. O nome do homem é Henry Wood e está alojado na mesma rua onde as senhoras o encontraram. Está apenas há cinco dias nesta terra. No que respeita a informações, tive uma conversa muito interessante com a sua senhoria. O ofício do homem é ser mágico e actor e anda pelas cantinas dos militares, ao cair da noite, dando pequenos espectáculos em cada uma. Leva com ele certo animal numa caixa, com o qual a senhoria parecia consideravelmente perturbada, porque nunca vira bicho semelhante. Emprega-o em alguns dos seus truques, segundo o que ela me disse. Foi tudo o que me pôde dizer, e também acrescentou que era um milagre o homem viver, torto como é, e que às vezes falava numa língua estranha; nas últimas duas noites ela ouvira-o gemer e chorar na cama. Quanto a dinheiro, parece não lhe faltar, mas no pagamento da caução havia-lhe dado o que a ela lhe parecia um florim falso. Ela mostrou-mo, Watson, e era uma rupia indiana.

»E agora, meu caro, já sabe tudo e sabe o que quero. É perfeitamente evidente que, depois de as senhoras partirem, esse homem as seguiu à distância, que presenciou a discussão entre o marido e a mulher pela janela, que se introduziu na casa e que o animal que levava na caixa se soltou.





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