Tenho a vantagem de ontem à noite ter aprendido a distingui-los uns dos outros. Subiram então ao quarto de Mr. Blessington, cuja porta encontraram trancada. Entretanto, com o auxílio de um arame, forçaram-lhe a chave. Mesmo sem lupa, o senhor pode notar, pelos arranhões do mecanismo de fechadura, onde fizeram pressão.
Ao entrarem na sala, o primeiro cuidado foi amordaçar Mr. Blessington. Talvez estivesse a dormir, ou ficou tão paralisado pelo terror que não conseguiu gritar por socorro, Essas paredes são muito grossas, e é possível que os seus gritos, caso tenha tido tempo de gritar, não fossem ouvidos.
Mantendo-o bem guardado, parece-me evidente que se realizou uma espécie de conferência. Com toda a certeza, teve o aspecto de um processo judicial. Deve ter durado muito tempo, porque foi nessa altura que fumaram estes charutos. O velho sentou-se naquela cadeira de vime: ele é que usou a boquilha. O mais jovem sentou-se ali; ele é que sacudiu a cinza na cómoda. O terceiro andou de um lado para o outro. Blessington, suponho, ficou sentado direito na cama, mas não posso estar absolutamente certo disso. Acabaram por agarrar Blessington e enforcá-lo. A coisa foi tão bem planeada que creio que trouxeram com eles uma roldana ou um moitão que servisse de forca. A chave e os parafusos eram, como penso, para o prender. Entretanto, vendo o gancho, ficaram livres de dificuldades. Terminada a obra, saíram, e a porta foi fechada atrás deles pelo seu cúmplice.
Tínhamos acabado de ouvir o relato dos acontecimentos da noite que Holmes deduzira de sinais tão subtis e diminutos que, mesmo quando no-los apontou, não conseguíamos seguir-lhe o raciocínio. O inspector saiu então para fazer um inquérito sobre o criado, ao passo que Holmes e eu voltámos a Baker Street para o café matinal.