As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 9: O Intérprete Grego Pág. 208 / 274

- O senhor ultrapassa-me um pouco - disse o inspector, encolhendo os ombros. - A porta não será fácil de forçar, mas vamos ver primeiro se está alguém em casa.

Martelou fortemente a aldraba e tocou a sineta, mas sem resultado. Holmes afastou-se um pouco, regressando quase de seguida.

- Abri uma janela - disse ele.

- É uma sorte que o senhor esteja do lado da lei e não contra ela, Sr. Holmes - observou o inspector, notando a maneira hábil como o meu amigo forçara o ferrolho. - Bem, creio que em tais circunstâncias podemos entrar sem esperar convite.

Uns atrás dos outros, entrámos numa grande divisão, que evidentemente era a mesma em que estivera Sr. Melas. O inspector acendeu a sua lanterna e pudemos então ver as duas portas, a cortina, o candeeiro e a armadura japonesa, tal como Sr. Melas havia descrito. Em cima da mesa estavam dois copos, uma garrafa de aguardente vazia e os restos de uma refeição.

- O que é isto? - perguntou Holmes de repente.

Todos nos imobilizámos e ouvimos. Um som baixo, lamuriante, vinha de qualquer sítio por cima de nós. Holmes dirigiu-se para a porta e entrou no vestíbulo. O barulho soturno vinha do andar de cima. Sherlock precipitou-se para lá; o inspector e eu seguimos-lhe os passos, enquanto o irmão nos seguia tão depressa quanto lhe permitia a sua estatura corpulenta.

No segundo andar, deparámos com três portas; era, no entanto, da do meio que vinham aqueles sons sinistros, que ora mergulhavam num resmungo cavo ora se erguiam, de novo, num lamento penetrante. Estava fechada, mas a chave estava do lado de fora. Holmes abriu-a e entrou; mas saiu precipitadamente, rápido, com as mãos na garganta.

- É carvão!- gritou. - Dêem-lhe tempo.





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