- O cavalheiro deu o nome?
- Não, senhor.
- Não era um rapaz alto, bem parecido, moreno?
- Oh!, não, senhor; era um senhor baixo, de óculos, de rosto magro, mas de maneiras muito agradáveis, porque sorria sempre enquanto falava.
- Vamos! - gritou Sherlock Holmes, abruptamente. - Isto está a ficar sério! - observou quando nos dirigíamos para a Scotland Yard. - Eles apanharam Sr. Melas outra vez e Melas não é homem de grande coragem física, como eles muito bem viram pela experiência da outra noite. Esses malandros vão aterrorizá-lo assim que ele chegar à sua presença. Não há dúvida de que querem os seus serviços profissionais; mas depois de se utilizarem dele são capazes de querer puni-lo pelo que consideram uma traição.
A nossa esperança era chegar a Beckenham antes da carruagem, tomando o comboio. Passámos pela Scotland Yard, onde perdemos mais de uma hora para descobrir o inspector Gregson e completar as formalidades que nos habilitariam a entrar na casa. Era já um quarto para as dez quando chegámos a London Bridge e quatro e meia quando descemos na estação de Beckenham. Uma corrida de meia milha levou-nos a The Myrtles, uma casa grande e escura, construída em terrenos próprios, de costas para a estrada. Aí, dispensámos o carro e seguimos juntos pelo caminho.
- As janelas estão todas escuras - observou o inspector. A casa parece desabitada.
- Os nossos pássaros bateram asas e deixaram o ninho vazio - disse Holmes.
- Porque diz isso?
- Uma carruagem carregadíssima de bagagem passou por aqui há uma hora.
O inspector sorriu.
- Vejo os rastos das rodas à luz do candeeiro do portão, mas onde está a bagagem?
- Podem observar-se os mesmos rastos de rodas no outro caminho, mas os que partiram daqui são muito mais fundos, tanto que podemos dizer, sem errar, que havia um peso considerável na carruagem.