”
- Peguei nos papéis e...
- Um momento - interrompeu-o Holmes. - Estiveram sós durante a conversa?
- Sem dúvida nenhuma.
- Numa sala grande?
- De trinta pés cada lado.
- Estavam ao centro?
- Sim, mais ou menos.
- E falando baixo?
- A voz do meu tio é sempre baixa e eu não disse uma palavra.
- Muito obrigado - disse Holmes, fechando os olhos. Continue, por favor.
- Fiz exactamente o que me tinham recomendado e esperei até que todos os escriturários saíssem. Um dos que trabalha no meu gabinete, Charles Gorot, tinha uma tarefa atrasada, de modo que o deixei lá e fui jantar. Quando regressei, já havia ido embora. Eu estava ansioso por adiantar o trabalho porque sabia que Joseph Harrison, que os senhores viram agora mesmo, estava em Londres e iria para Woking no comboio das onze, que eu queria também apanhar.
»Quando iniciei a cópia do tratado verifiquei logo que era de uma tal importância que o meu tio não exagerara quanto ao que me tinha dito. Sem entrar em pormenores, posso dizer que definia a posição da Grã-Bretanha para com a Tríplice Aliança e esclarecia a atitude do país na eventualidade de a frota francesa ganhar uma total ascendência sobre a Itália no Mediterrâneo. Os assuntos de que tratava eram puramente navais; e no fim encontravam-se as assinaturas dos altos dignitários.
Era um documento muito longo: vinte e seis artigos independentes, escritos em francês. Eu copiava tão depressa quanto me era possível, mas às nove horas não escrevera mais de nove artigos, de modo que me pareceu inútil tentar apanhar o comboio das onze. Sentia-me sonolento e obtuso, em parte por causa do jantar, em parte devido a um longo dia de trabalho. Uma chávena de café aliviar-me-ia a cabeça.