As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 227 / 274

- De que regimento?

- Ouvi dizer que era o Coldstream Guards.

- Muito obrigado. Tenho a certeza de que consigo mais pormenores de Forbes. As autoridades são exímias a coligir factos, embora nem sempre os utilizem com vantagem. Que coisa adorável, é uma rosa...

Dirigiu-se para a janela aberta e colheu uma rosa que pendia, demorando-se a admirar o seu belo matiz carmesim e verde. Era para mim uma faceta desconhecida do seu carácter, nunca o vira interessar-se verdadeiramente pelas coisas da natureza.

- Não há nada em que a dedução seja mais necessária do que em questões de religião - disse, apoiando-se na vidraça da janela. - Pelo raciocínio, pode ser construída como uma ciência exacta. No entanto, a nossa mais elevada certeza da bondade da Providência parece repousar nas flores. Todas as outras coisas, os nossos dons, os nossos desejos, o nosso alimento, são realmente necessários à existência, essenciais mesmo. Mas esta rosa é algo extraordinário; o seu perfume e a sua cor são um encanto, não uma condição de vida. Só a bondade é que cria seres extraordinários e, por isso, parece-me que temos muito a esperar das flores.

Durante esta tirada, Percy Phelps e a enfermeira olharam-se com surpresa e uma expressão de desapontamento ficou-lhes estampada nos rostos. Sr. Holmes caíra num vão devaneio, com uma rosa cheia de espinhos entre os dedos. Passados minutos, a rapariga interrompeu, com aspereza.

- O senhor vê alguma possibilidade de resolver este mistério, Sr. Holmes?

- Oh! O mistério! - respondeu Sherlock, voltando de repente à realidade. - É impossível negar que o caso é muito obscuro e complicado. Mas prometo examinar o assunto e mantê-los ao corrente dos pontos que interessam.





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