«- O senhor possui uma bonita bengala. Pela inscrição observei que não a tem há mais de um ano. Ora, teve o trabalho de a furar a fim de lhe deitar no buraco chumbo derretido, de modo que viesse a ser uma arma terrível. Concluo que não tomaria tais precauções se não tivesse um perigo a recear.»
«- Alguma coisa mais?» - perguntou, sorrindo.
«- O senhor praticou muito o boxe na sua juventude.
«- Está certo outra vez. Como o sabe? O meu nariz está um pouco achatado?»
«- Não - respondi-lhe -, são as suas orelhas. Apresentam o achatamento e a espessura que marcam o boxeur.»
«- Alguma coisa mais?
«- O senhor trabalhou muito nas minas, vê-se pelos seus calos.
«- Fiz todo o meu dinheiro nas minas de ouro.
«- O senhor esteve na Nova Zelândia.
«- Exactamente.
«- O senhor visitou o Japão.
«- É verdade.
«- O senhor esteve intimamente associado a alguém cujas iniciais eram J. A. e que depois procurou ansiosamente esquecer.»
Sr. Trevor levantou-se lentamente, fixou-me com os seus grandes olhos azuis com uma expressão selvagem e caiu para a frente, com o rosto entre as castanhas que juncavam a toalha, num desfalecimento mortal.
Deve calcular, Watson, como ficámos chocados, tanto eu como o filho. Entretanto o acesso não durou muito, porque quando lhe desabotoámos o colarinho e lhe borrifámos o rosto com a água de um dos lavabos, ele deu um ou dois suspiros e sentou-se.
«- Ah! Rapazes» - disse, forçando um sorriso. «- Espero que não os tenha assustado. Forte como pareço, há um ponto fraco no meu coração, e não é preciso muito para me abater. Não sei como o senhor faz isso, Sr. Holmes, mas parece-me que todos os detectives verdadeiros e falsos são crianças nas suas mãos.