Este planalto é, por essência, altamente vulcânico; por outro lado, o asfalto é uma substância que se associa às forças plutónicas; não posso ter mais hesitações: o alcatrão mineral, ou asfalto, existe aqui no estado líquido livre, e este animal pode ter ficado besuntado. Um problema muito mais importante diz respeito à existência do monstro carnívoro que deixou na clareira tais vestígios da sua passagem. Sabemos que o planalto tem a superfície aproximada de um condado inglês médio. No interior deste espaço restrito, um certo número de animais, na maioria representantes de raças que desapareceram no mundo inferior, vivem juntos desde há séculos inumeráveis. No decurso de um período tão longo, poderia esperar-se que os animais carnívoros, multiplicando-se, tivessem esgotado os seus meios de sustento e que se vissem na obrigação ou de transformar o modo de alimentação ou de morrer de inanição. Vimos que não foi assim. Podemos, pois imaginar uma última coisa: que o equilíbrio natural está conservado por uma espécie de controlo que limita o número destes animais ferozes. Por conseguinte, um dos problemas mais interessantes, e que requer da nossa parte uma solução, consiste em descobrir qual seja esse controlo e como é que ele opera. Arriscar-me-ei até a prever que não nos faltarão ocasiões ulteriores para um estudo mais aprofundado dos dinossauros carnívoros.
- E eu arrisco-me a prever que teremos dificuldade em aproveitar à Ciência essas ocasiões! - disse eu.
