Summerlee foi o primeiro a falar. Durante todo o dia tinha manifestado um humor brigão, e não sei que observação de Lorde John acerca do nosso horário para o dia seguinte levou ao rubro a sua acidez.
- Tudo o que deveríamos fazer hoje, amanhã e nos dias seguintes - começou - seria descobrir um meio de sair desta massa onde estamos aprisionados. Todos se acham ocupados a accionar os cérebros para determinar como penetrar nesta terra. Quanto a mim, digo que deveríamos ocupá-los a arranjar um meio de sair dela!
- Estou surpreendido, senhor - berrou Challenger, agitando a barba majestosa -, que um homem de ciência se deixe arrastar por um sentimento tão ignóbil! Encontra-se numa terra que oferece tantos atractivos a um naturalista... que digo eu?, que oferece mais atractivos do que alguma região alguma vez ofereceu desde que o mundo é mundo, e sugere abandoná-la antes de termos adquirido um conhecimento pelo menos superficial. Esperava melhor da sua parte, Professor Summerlee!
- Deveria lembrar-se - respondeu Summerlee - que tenho em Londres um grande curso que está agora à mercê de um locum tenens de uma mediocridade aflitiva. Eis a diferença que existe entre nós, Professor Challenger, pois até aqui nunca mereceu que lhe confiassem uma tarefa educativa.
- Com efeito - disse Challenger. - Teria considerado como um sacrilégio distrair um cérebro dotado para pesquisas absolutamente originais, para dar-lhe -taretas menores.
