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Capítulo 13: 6 - Uma Continuação das Memórias do Dr. John Watson

Página 118
Recuou a cambalear, com o rosto lívido, e vi o suor inundar-lhe a testa, enquanto os dentes rangiam. Ao ver aquilo, encostei-me à porta e ri longa e ruidosamente. Sabia que a vingança seria agradável, mas nunca esperei sentir o contentamento que se apoderou de mim naquele momento.

»«Seu cão!», disse eu. «Persegui-vos desde Salt Lake City a São Petersburgo, e escaparam-me sempre. Agora as viagens chegaram finalmente ao seu término, para vocês os dois, ou que eu nunca mais veja o nascer do Sol.» Ele afastou-se ainda mais enquanto eu falava, e pude ver no seu rosto que pensava que eu estava louco. Naquela altura estava mesmo. As palpitações nas minhas têmporas pareciam martelos de forja; penso que teria tido algum ataque se o sangue não tivesse jorrado do nariz, o que me aliviou.

»«Agora, que pensas de Lucy Ferrier?», gritei, fechando a porta à chave e sacudindo-a à frente da cara dele. «O castigo tem vindo a aproximar-se lentamente, mas apanhou-te finalmente.» Vi os lábios covardes a tremerem enquanto falava. Ele teria implorado que lhe poupasse a vida, mas sabia que era inútil.

»«Seria capaz de me matar?» disse ele a gaguejar. »«Não há assassínio», respondi. «Quem fala em matar um cão raivoso? Que compaixão tiveste da minha amada, quando a afastaste do pai assassinado e a levaste para o teu maldito e indigno harém?»

»«Não fui eu que matei o pai dela», gritou ele.

»«Mas foste tu que lhe destroçaste o coração inocente», gritei, atirando a caixa para a frente dele. «Deixemos que Deus sentencie entre nós os dois. Escolhe e come. A morte está num e a vida noutro. Eu comerei o que deixares. Vejamos se há justiça na terra ou se somos regidos pela sorte.»

»Aninhou-se a gritar desenfreadamente, a implorar misericórdia, mas tirei a minha faca e encostei-lha à garganta até me obedecer. Depois engoli o outro, e ficámos a olhar-nos em silêncio durante um minuto ou mais, à espera de ver qual ia viver e qual ia morrer. Nunca esquecerei a expressão que surgiu no seu rosto, quando as primeiras dores lhe disseram que o veneno estava no seu organismo.

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pág. 118 (Capítulo 13)

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Capa do livro Um Estudo em Escarlate
Páginas: 127
Página atual: 118

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Primeira Parte: 1 - O Sr. Sherlock Holmes 1
2 - A Ciência da Dedução 10
3 - O Mistério de Lauriston Gardens 21
4 - O que John Rance Tinha para Contar 32
5 - O Nosso Anúncio Traz um Visitante 39
6 - Tobias Gregson Mostra o que Sabe Fazer 46
7 - Luz na Escuridão 55
Segunda Parte: 1 - Na Imensa Planície de Alcali 65
2 - A Flor de Utá 76
3 - John Ferrier Fala com o Profeta 84
4 - Uma Fuga para Salvar a Própria Vida 90
5 - Os Anjos Vingadores 100
6 - Uma Continuação das Memórias do Dr. John Watson 110
7 - A Conclusão 122