»O sangue caía em pingas do meu nariz, mas não fiz caso. Não sei o que me levou a escrever na parede com ele. Talvez fosse uma ideia maldosa de colocar a Polícia na pista errada, porque me sentia alegre e bem-disposto. Lembrei-me de um alemão que foi encontrado em Nova lorque com a palavra RACHE escrita por cima do corpo, e, nessa altura, argumentou-se nos jornais qua aquilo devia ter sido feito por sociedades secretas. Supunha que o que desorientou os nova-iorquinos, desorientaria os londrinos; assim, mergulhei o dedo no meu próprio sangue e escrevi com ele na parede num lugar conveniente. Depois dirigi-me ao cabriolé e verifiquei que não havia ninguém ali perto e que a tempestade não tinha passado. Tinha percorrido alguns quilómetros quando meti a mão no bolso onde costumava guardar o anel de Lucy e notei que este não estava lá. Fiquei estupefacto, porque era a única recordação que tinha dela. Pensando que o podia ter deixado cair quando me debrucei sobre o corpo de Drebber, voltei atrás e, deixando o cabriolé numa rua lateral, enchi-me de coragem e encaminhei-me para a casa. Estava preparado para enfrentar tudo menos perder o anel. Quando lá cheguei, dei de cara com um polícia que vinha a sair; para não levantar suspeitas, fingi que estava muito bêbado.
»Foi assim que Enoch Drebber foi ao encontro do seu fim. Depois só tinha de fazer o mesmo ao Stangerson, e assim saldava a dívida de John Ferrier. Sabia que ele estava hospedado no Halliday's Private Hotel e rondei-o todo o dia, mas ele não saiu. Supus que suspeitava de alguma coisa, por Drebber não ter aparecido.