- Não me vai prender por assassínio - disse ele. - Sou um dos perdigueiros e não o lobo; o Sr. Gregson ou o Sr. Lestrade serão os responsáveis por isso; mesmo assim continue. Que fez a seguir?
Rance retomou o seu lugar, sem contudo perder a expressão de incredulidade.
- Voltei para o portão e apitei. Isso trouxe Murcher e mais dois ao local.
- Nessa altura a rua estava deserta?
- Bem, estava, tanto quanto é possível a uma pessoa capaz.
- Que quer dizer?
As feições do polícia distenderam-se num sorriso largo.
- Vi muitos bêbados durante as minhas rondas - disse ele -, mas nenhum tão bêbado como aquele tipo. Estava ao portão quando saí, encostado às grades e a cantar em voz alta a Columbine 's New-fangled Banner, ou qualquer coisa do género. Não se aguentava em pé e muito menos podia ajudar.
- Que tipo de homem era ele? - perguntou Sherlock Holmes.
John Rance parecia um pouco irritado com esta divagação.
- Era um bêbado fora do vulgar - disse ele. - Teria ido parar à esquadra se não estivéssemos tão ocupados.
- O rosto, a roupa, não reparou? - interrompeu Holmes com impaciência.
- Acho que reparei, visto que tive de o segurar, com Murcher no meio da gente. Era um indivíduo alto, corado, a parte inferior envolta...
- Isso chega - gritou Holmes. - Que foi feito dele?
- Tínhamos mais que fazer do que tratar dele - disse o polícia, num tom de voz magoado. - Aposto que acabou por encontrar o caminho para casa.
- Como estava vestido?
- Um sobretudo castanho.
- Tinha um chicote na mão?
- Um chicote... não.
- Deve tê-lo deixado ficar para trás - murmurou o meu companheiro.
- Por acaso não viu ou ouviu um cabriolé depois disso?
- Não.
- Aqui tem uma meia libra de ouro - disse o meu companheiro, levantando-se e pegando no chapéu. - Rance, receio que nunca seja promovido. A cabeça não devia servir só de ornamento. Poderia ter ganho as divisas de sargento ontem à noite.