- Assim se provou, passei toda a noite de ontem a tirar informações sem proveito nenhum. Esta manhã comecei muito cedo, e às oito horas chegava ao Halliday's Private Hotel, na Little George Street. Quando perguntei se vivia lá um tal Sr. Stangerson, responderam-me logo afirmativamente.
»«Certamente o senhor é o cavalheiro que ele esperava», disseram. «Há dois dias que tem estado à espera de um cavalheiro.»
»«Onde é que ele está agora?», perguntei.
»«Está lá em cima, na cama. Queria que o chamassem às nove.»
»«Irei já ter com ele», disse.
»Pensei que se eu aparecesse de repente talvez ele ficasse perturbado e dissesse alguma coisa irreflectidamente. O carregador ofereceu-se livremente para me mostrar o quarto; era no segundo andar, e havia um pequeno corredor que ia dar ao quarto. Indicou-me a porta e preparava-me para descer de novo as escadas, quando vi uma coisa que me fez sentir enjoado, apesar dos meus vinte anos de experiência. Por debaixo da porta saía, em espiral, uma pequena faixa vermelha de sangue, que serpenteava de um lado ao outro do corredor e formava uma pequena poça ao longo do rodapé no outro lado. Dei um grito, o que fez com que o carregador voltasse atrás. Ele quase desmaiou quando o viu. A porta estava fechada à chave pelo lado de dentro, mas encostámos os ombros à porta e deitámo-la abaixo. A janela do quarto estava aberta e a seu lado estava estendido o corpo de um homem, todo encolhido, em camisa de noite. Estava mesmo morto e já há algum tempo, porque os membros estavam rígidos e frios. Quando o virámos, o carregador reconheceu-o imediatamente como sendo o cavalheiro que marcou o quarto com o nome de Joseph Stangerson. A causa da morte foi uma punhalada funda no lado esquerdo, que deve ter atravessado o coração. E agora vem a parte mais estranha do caso. Que julgam que estava por cima do homem assassinado?
Senti um arrepio e um pressentimento de um terror iminente, mesmo antes de Sherlock Holmes responder.
- A palavra RACHE, escrita com sangue - disse ele.
